A última neuro letter que eu escrevi tem meses (Luisa Sonza tinha dado um pé na bunda de "Chico se tu me quiseres"…e isso foi tema na nossa news por aqui)!
Pra quem chegou agora, eu já escrevi mais de 40 NLs, todas com o mesmo DNA:
curtinhas (depois de um tempo nem tanto)
divertidas
sobre o nosso dia a dia com o dinheiro
A neuro.letter chegou a virar coluna de um portal de notícias. Mas o burnout me esperava na esquina e precisei interromper TUDO: a neuroletter, a coluna e o próprio caminhar do neuroeconomia.
Aos poucos fui escolhendo melhor meus “SIMs”, pois entendi que saúde mental deve estar sempre acima de tudo.
A neuroletter acabou sendo produzida em momentos em que a criatividade rolava mais solta. Sem número de linhas ou palavras. Sem pretensão de trazer um pensamento ultra refinado e baseado em evidências científicas.
Aliás: essas eram as melhores neuro letters. As que transformaram coisas triviais do dia a dia em algo para refletir (por aqui e por aí).
De uns tempos pra cá eu eu tenho pensado muito sobre o meu lugar no mundo e tem crescido uma vontade de compartilhar mais sobre a minha jornada empreendedora (e trazer insights comportamentais sobre isso também).
Então decidi fazer um mês temático da neuro.letter:no mês de abril vou usar esse espaço para falar sobre os obstáculos comportamentais de empreender (afinal, é de onde vem o dinheiro para colocar o pão na mesa).
Na primeira neuro.letter da série decidi falar como a solidão do empreendedorismo no empurra a buscar modelos (que nem sempre são os melhores, mas faz parte do aprendizado).
Isso me lembra até uma passagem do livro Hábitos Atômicos em que ao narrar um dos motivos de fazermos algo, ele enumera as características do efeito manada. Transportando para o nosso assunto aqui: quando a gente é o único ao redor empreendendo a gente tende a fazer o que?
o que os mais próximos estão fazendo (opção não disponível pra mim, no caso)
o que a maioria está fazendo (maioria = digital, no meu caso)
o que os “poderosos” estão fazendo (poderosos podem ser os que ganham mais, os que admiramos, as [pseudo] autoridades)
Esse é o nosso processo natural de tomada de decisão quando estamos diante de tanta incerteza em nossa empreitada, o que é típico do empreendedorismo.
E é aqui que a porca torce o rabo (ou o cérebro!).
No início a gente ainda tem pouco filtro e feeling (sistema 1) para saber qual conselho e modelo devemos seguir.
Eu caí em algumas dessas armadilhas mentais ao seguir (ou me comparar) com “modelos de sucesso” completamente irreproduzíveis e fora da minha realidade de mãe de 1 pequeno, 1 recém nascida, tendo um trabalho de 35h por semana e pouca mobilidade.
E eu sei que eu mesma busquei isso em alguns momentos.
Quando eu estava querendo desistir ou no meu limite: eu - conscientemente - seguia pessoas que incitam o público a continuar no matter what. Sabendo como funciona a heurística da disponibilidade, eu tomava a minha pílula motivacional diária para apagar a voz na minha mente dizendo: “vai devagar”, “para”, “você já ganha um bom salário e não precisa disso”.
Na minha mente eu tinha uma maratona auto imposta para correr. A meta: em 3 anos eu precisava substituir a minha renda líquida do meu atual e principal trabalho como advogada.
Em outras palavras, eu queria igualar:
3 anos de empreendedorismo em um assunto que domino há pouco tempo
+ aprender 20 novas habilidades ao mesmo tempo (mantendo meu trabalho)
com
5 anos de faculdade
2 anos de pós
20 anos de carreira
10 anos de trajetória na mesma empresa.
Um pouco absurdo, não? Cruel comigo mesma? Mas somos crueis conosco o tempo inteiro.
Especialmente se nos falta a consciência sobre o que motiva nossas decisões. E isso, graças ao Kahneman, não me falta.
Em todo esse doloroso processo eu fico me lembrando que todo e qualquer modelo que eu tente seguir vai ser falho, porque nunca conseguirei igualar o nosso contexto e timing.Partimos de pontos diferentes do outro, sempre.
Portanto fica meu conselho: sempre lembre do seu contexto de vida, timing, tempo para se dedicar ao projeto antes de se comparar com alguém. É a melhor coisa que você pode fazer para se manter no seu projeto (muito melhor do que a pílula que eu escolhi no passado).
O segundo conselho é: encontre a sua turma. Sim, empreender com um grupo de pessoas e trocar ajuda muito e alivia as coisas. Eu encontrei algumas dessas pessoas nesses últimos 3 anos. Mas mesmo assim, ainda sinto o peso da solidão na tomada de decisões importantes.
E você: como tem sido essa montanha russa por aí?
Te vejo próxima quarta!
beijos
Carol