Vamos ser honesto aqui: a gente come um pouco de droga e um pouco de salada.
Eu amo um prato de salada, um suco verde, uma vibe bem clean girl (pra ser moderninha), mas me derreto mesmo é num pãozinho quente e um arroz soltinho.



O mesmo acontece na minha vida intelectual. Uma hora a quadrilogia da Elena Ferrante, depois um pecadilho de comprar livros como Despreparada pra Empreender e outros da sessão de autoajuda e "business".
Na música? Sigo sendo essa metamorfose ambulante. Minha retrospectiva do Spotify tem Cateano, Anitta, Mundo Bita, Péricles e Rock Indie. Uma vez, aos 20 poucos anos, eu viajei sozinha e fui numa FNAC em Paris, na época em que ainda comprávamos CDs. Saí da loja com um CD de música árabe e outra de afrocubismo. Eram sons que eu nunca tinha ouvido, mas que me pareciam deliciosos e convidativos. Essa foi a minha trilha sonora por meses (por acaso descobri que agora o CD está no spotify. Minha música favorita é Jarabi!)
Somos tridimensionais e sempre tive isso muito claro pra mim. Sou muita coisa em uma só e odeio esse elitismo de que pra ser considerado inteligente e ter valor você precisa gostar só de Chico Buarque e ler Camões. Isso é coisa de quem gosta de usar a heurística do estereótipo pra julgar mais rápido os outros.
Eu gosto mesmo é de estar aberta a novidades, às opiniões, a coisas diferentes, do profundo ao raso, do funk ao clássico. Eu sempre soube tirar valor de tudo que me era oferecido. O filtro sou EU. Eu escolho o que acolher e o que descartar do que eu consumo, de acordo com afinidades, valores, gostos e curiosidade. É assim que me torno um indivíduo único, resistindo ao ritmo algorítimico dos tempos atuais, que tentam nos pasteurizar em bolhas.
E é nesse emaranhado de coisas que sou, que gosto de reality show. Daqueles mais trash mesmo. Qualquer um desperta a minha curiosidade. Eu acredito que isso venha do meu profundo afeto por saber do outro (*isso pode ser classificado como ser fofoqueira em outras jurisdições). Eu amo mesmo GENTE. Eu amo saber os motivos que levam as pessoas a decidir.
E foi num dia qualquer, depois de estar exausta e colocar as crianças para dormir, tentando evitar a infidelidade de assistir sozinha a série Cem Anos de Solidão (a qual estava assistindo com o Pablo), que cheguei em Ilhados com a Sogra. ENTRETENIMENTO PURO.
Mesmo sendo discriminada pelo Pablo (que já me lançava um olhar de “é sério que você vai assistir isso?") eu toquei no play. E fiquei em completo choque. As coisas ditas entre sogras e noras/genros eram impensáveis pra mim. Eu, no lugar das noras, me sentiria completamente humilhada.
Mas foi curioso perceber que 80% dos conflitos tinham a ver com dependência financeira.
De 5 casais, 3 pareciam ter uma forte relação de dependência financeira com a sogra. Ou moravam na casa da sogra ou tinham ajuda para se sustentar (mesmo a maioria beirando ali seus 30 anos).
Vou dizer o óbvio: ser financeiramente dependente de alguém coloca qualquer um em apuros. É um conflito de valores, interesses e scripts financeiros. Quem tem dinheiro tem poder. E quem tem poder, na maioria dos casos, dita as regras (mesmo que elas não sejam expressamente ditas).
Portanto, depender financeiramente de alguém na fase adulta da vida tem tudo pra dar errado. Dito isso: trate de colocar entre suas metas de 2025 ter independência financeira (que significa ter dinheiro suficiente para tomar suas decisões sem ter que pedir benção pra ninguém), independentemente do seu credo, viés político, raça, gênero ou o que for.
Mas saindo do óbvio, a primeira coisa que eu pensei olhando as duplas que concorriam no reality foi:
Será que isso é uma coisa geracional? Será que os millenials mais jovens (eu sou uma millenial velha rs) e a Geração Z estão mais pobres e precisam contar com os genitores? Como isso impacta as relações financeiras ?
Por coincidência, me deparei com a seguinte manchete no jornal: “Geração Z acha que precisa de US$ 9,5 milhões para ser financeiramente bem-sucedida". Segundo a matéria, o Raio-X é esse:
A geração Z luta contra a inflação, um mercado imobiliário espinhoso e uma disparidade de riqueza enorme, fazendo com que os jovens adultos considerem precisar de um valor consideravelmente maior para lidar com a economia
A geração Z enfrenta salários de início de carreira mais baixos do que seus colegas mais velhos (Geração X - ou Millenials - e Baby Boomers)
A incerteza dos tempos recentes (guerras, pandemia, dívida estudantilA ) e a precariedade dos trabalhos torna essa geração mais propensa à ansiedade financeira
Apesar de tudo: são mais confiantes de que alcançarão o sucesso (deixando um número de 0 pessoas que entendem de economia comportamental surpresas!)
Sobre a Geração X: está vivendo por mais tempo e o dinheiro está acabando antes da vida, o que traz transtornos, como trabalhar em idade mais avançada ou em trabalhos precários e pior remunerados.
No Brasil, parece que trilhamos o mesmo diagnóstico: Mais de 60% da Geração Z diz que renda não é suficiente.
Existe uma questão contextual que coloca a geração mais nova em situação financeira pior ao redor do mundo. Isso não pode ser ignorado. Pelo contrário, em um contexto de incertezas é comum decidirmos de forma ainda mais irracional e curto prazista. Some isso ao fato de jovens serem mais impulsivos, terem menos responsabilidades e experiência com os feedbacks negativos de más decisões.
Mas como diria Fernanda Montenegro: O mundo sempre esteve para acabar.
A verdade é que enfrentando pior situação ou não, as pessoas tem dificuldades de tomar decisões sobre o dinheiro, especialmente se elas tem a ver com poupar para o futuro.
A verdade é que sempre tem um imprevisto acontecendo nas nossas vidas e é preciso ter uma reserva pra tomar um fôlego e não se afogar.
A verdade é que mesmo que você faça tudo direitinho, se você ganhar muito pouco é tudo muito mais difícil e a cognição não resiste e decide pior mesmo. É preciso mais do que força de vontade para manter os pratos girando nesse caso. Mas nos 3 casos, ter fluência financeira nos ajuda muito a passar pelas dificuldades.
Para não ter que ficar ilhado com a sogra: a busca pela independência financeira tem que ser tão apetitosa quanto viajar nas férias. Mas só sabe o valor da liberdade quem descobre estar preso. Preso a um relacionamento, emprego, profissão, cidade ou bairro.
O perigo das decisões fáceis e impulsivas é esse: a gente se acostuma com a prisão imposta por decisões ruins. A gente coloca um poster na parede da cela pra não ver a parede descascada que tem por trás. Sabe aquele vestido, aquela viagem de fim de semana ou aquele clube que a gente paga? São os posters.
Sugiro fortemente que você comece a pensar em comprar um serrote pra serrar as barras de ferro da prisão que você mesmo pode ter construído com as suas decisões passadas. O preço do serrote? Desejos. É preciso abrir mão de alguns deles.
Você pagaria esse preço para se ver livre de uma prisão?
Até semana que vem :)
Carol Velloso
Você consegue ler a mente do seu cliente?
Quando atendemos pessoas levamos poucos encontros para intuir que o problema dela é mais comportamental do que falta de conhecimento. Existe um dado que li uma vez que me assustou: 80% das pessoas que chegam em uma consultoria não estão prontas para mudar.
Ter a intenção de mudar nossa relação com o dinheiro é só uma pequena parte do caminho até a transformação de hábitos financeiros. Existem inúmeros obstáculos invisíveis que adiam a nossa linha de chegada e, em geral, eles são psicológicos. Foi pensando em ajudar profissionais de finanças a entender o comportamento do cliente e usar os frameworks e estratégias de ciências comportamentais que criei a Formação em Finanças Comportamentais.
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Adorei o texto da Carol, e me representa muito nessa diversidade do gostos e experiências ao novo! Super recomendo a formação dela para profissionais de diferentes áreas que precisam lidar com a parte comportamental dos clientes, desde planejadores financeiros e nutricionistas, educador físico, psicólogos, etc....